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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Relação Entre os Artigos Irlandeses e a Confissão de Fé de Westminster

*A publicação deste Artigo, se dar devido a necessidade destas informações que não se encontra com tanta facilidade na internet. Portanto, aqueles que precisarem se utilizar do mesmo, por favor indique a fonte.
A forma da Confissão foi influenciada pelos Artigos Irlandeses, elaborados pelo bispo James Ussher em 1615, na época era professor de teologia em Dublim e presidente da faculdade Trinity. Contendo 104 artigos, 19 títulos, sendo substituídos em 1935 pelos 39 artigos.
A Assembleia de Westminster extraiu mais dos Artigos Irlandeses do que de qualquer outro. Os Artigos Irlandeses influenciaram diretamente os símbolos de fé de Westminster Sendo assim, eles chegam até nós pela Confissão de Fé de Westminster.
Esses Artigos afirmam a total soberania de Deus, a predestinação, a eleição e a preterição, a justificação pela fé somente, o arrependimento e o lugar das boas obras na vida do crente. Eles ensinam ainda o conceito puritano do Dia do Senhor, identifica o papa com sendo o Anti-Cristo e reconhece o rei como sendo o chefe da Igreja e do Estado. A Confissão de Fé de Westminster, originalmente, tinha essa posição, porém a versão americana pós-independência (1776) e em 1789 suprime a tendência Erastiana da Confissão de Fé.  A nossa Confissão de Fé deriva-se desta versão Americana adaptada, onde na primeira Assembléia geral americana foi suprimido a tendência erastiana.
No erastianísmo (a Igreja é um departamento do Estado, e por isso o cabeça da Igreja é o rei, quem governa a Igreja é o Estado) é uma tendência existente tanto nos Artigos Irlandeses, como na Confissão de Fé de Westminster, como também na Confissão Escocesa (Jonh Knox).
Em 1635 os Artigos Irlandeses foram, oficialmente, substituídos na Irlanda pelos 39 Artigos; Porém, o autor, promovido a arcebispo, James Ussher, continuou exigindo a obediência aos dois compêndios de artigos.
A Confissão de Westminster tem sido considerada um documento altamente moderado e judicioso. O autor William Beveridge afirmou: “Devemos agradecer a Deus por essa declaração sábia, completa e equilibrada de nossa fé, que chegou até nós como uma preciosa herança da Assembléia de Westminster”. A Confissão expressa algumas das convicções mais salutares dos puritanos, como a preocupação com a glória de Deus, a beleza da obra da redenção e o imperativo de uma vida cristã séria e comprometida.
*Este artigo é parte de um trabalho de pesquisa do curso de teologia no STNe realizado pelo aluno Zé Francisco para a disciplina "Credos e Confissões" com o Profº Maely Vilela. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Esboço do sermão de Prova em Mq 2.1-13

O DEUS FIEL, TRATANDO COM UM POVO INFIEL

Perguntas de Transição: com quem e como Deus trata esse povo infiel?

I. OS LÍDERES OPRESSORES (2.1-5) (Pecados: Cobiça e Orgulho)
A) Homens maus e violentos (v. 1, 2). (Lv 25.10,13; Nm 27.1-11)
a) Imaginam a iniqüidade e maquinam o mal (v. 1a)
b) praticam o mal porque o poder está em suas mãos (v. 1b) (1Tm 6.17-19; Rm 13.4; Cl 4.1) Desobediência aos Dez Mandamentos.
c) São acusados de cobiçar e destruir o pobre-proprietários (v. 2) (Jezabel)
B) Deus Projeta o mal contra tais famílias (v. 3, 4). Uma Catástrofe (v 4)
a) O Juiz justo retribui com justiça (v. 3) Os corruptos Aceitavam subornos
b) Deus retribui com humilhação (v. 4; Js 13.6) De Deus ñ se zomba (Gl 6.7)
C) Eliminados da congregação do Senhor (v. 5).O Juíz=Santo, reto e justo
a) Perdem o direito de posse da terra (Nm 26.55) Adonai=Senhor proprietário
b) são levados cativos pelos inimigos para o cativeiro (116; 4.10) Dt 19.14;27.

II. OS FALSOS PROFETAS E OS PODEROSOS (2.6-11) Faziam o povo se desviar
A) Tentam calar o profeta de Deus por se sentirem ofendidos (v. 6)
a) Deus tira o direito de eles terem um profeta verdadeiro (v. 6)
b) São castigados por menosprezarem as profecias do Senhor (v. 7)
1) Eles buscam falsos refúgios e uma falsa confiança na religião (Jr 7.4)
2) Transferiam a fé em Deus para a fé em si mesmos (v.6b; 3.11) Templo
B) Os poderosos exploradores dos sem defesas (vs. 7,8)
a) As promessas da aliança só alcançam os retos (v. 7b) (Dt 28.1-14).
b) As maldições alcançarão os desobedientes (Dt 28. 15-68).
1) Estavam destruindo os próprios irmãos – roubando os camponeses (v. 8)
2) Estavam oprimindo seus irmãos com crueldades – abusando das mulheres e maltratando os filhos (v. 8,9)
C)      São Condenados por desejarem os falsos profetas (v. 10, 11)
a) São saqueados e Sentenciados ao exílio (v. 10) Os de Deus são corajosos
1) por causa da imundícia que destrói dolosamente (v. 10b)
2) veriam seus filhos serem destruídos e levados cativos (1.16)
b) foram enganados por acreditar nos falsos profetas (v. 11)
1) são guiados pelo vento dos falsos profetas (3.5)
2) Recebem o que merecem – palavras mentirosas (3.12)
·   Cristo é o Verdadeiro Profeta (At 3.22,23). Devemos ouvir-lo e falar sua Palavra
III. O RESTANTE DE ISRAEL (2.12-13; 4.7; 5.7,8; 7.18),
A)            Ajunta e Congrega o Restante de Israel (v. 12)
a) Todos juntos, Como ovelhas no Aprisco (7.14,15)
1) O Evangelho reúne todos os povos – João Calvino.
b) A libertação de um povo remanescente
1) Ele abre a porta pela libertação na cruz do Calvário.
c) Um grande número – Multidão de homens (v. 12c)
1) O Israel de Deus é espiritual (Gl 6.16).
2) É um remanescente da Graça (Rm 11.5).
3) Procede de toda Tribo, povo, língua e nação (Ap 7.9,10).
B)      Guiadas pelo Pastor (v. 13)
a) Ele vai à frente das ovelhas abrindo o Caminho.
b) Como rebanho no meio do seu pasto
1) Ele vai à frente abrindo o caminho – alguém que remove os obstáculos.
2) Leva para pastos verdejantes e as águas tranqüilas (Sl 23)
C)      Serão governadas pelo Rei dos reis (v. 13c)
a) O seu reino é eterno (Lc 1.32,33)
b) O Rei que irá liderar/dominar Soberanamente (Adonay Yahweh 1.2)
c) O Governador, Rei, Redentor do cosmos – governa providencialmente.
1) Administração da Aliança fiel às promessas feita a Israel.
2) Segurança e paz para os redimidos e restaurados.

Aplicações:
1) A exemplo daqueles líderes, Hoje acontece o mesmo: exploração em nome de Deus, roubos camuflados, desobediência aos Mandamentos de Deus. Porém Deus não deixará impunes aqueles que usurpam o cargo no qual Ele colocou. Maldito aquele que fizer a obra do Senhor Relaxadamente!” (Jr. 48.10). Deus pedirá conta de cada palavra e de cada ação.
2) Os falsos Profetas daqueles dias falavam o que o povo queria ouvir; eram pago para fazer o que agradava ao povão. Será que em nossos dias é diferente? Os pregadores estão comprometidos com públicos que dizimam e elevam sua auto-estima – querem fama. Paulo escreve a Timóteo: “pregues a palavra, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta, com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2).
3) O Deus Fiel que prometeu congregar o restante de Israel cumprirá sua palavra. Embora a infidelidade seja terrível e nós não mereçamos, Ele fará pelo seu ato de justiça e misericórdia e por sua Fidelidade a si mesmo. É Pela graça que somos salvos, pela fé em Cristo Jesus, e isso não vem de nós, é dom de Deus (Ef 2.8) “Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma” e “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória”. (1Pd 2.25 e 5.4; Jo 10.16).

Este esboço sistematizado é parte do sermão* de prova do aluno Zé Francisco de STNe, na disciplina "Prática de pregação do Profº Isaías Monteiro. (*A introdução, elucidação e outras partes deste sermão, foram feitas separadamente) 

A Justiça e a Ira Divina de mãos dadas

     A Ideia fundamental de Justiça é a de estrito apego à Lei ( A Justiça de Deus é um atributo que relaciona-se estritamente com a da Santidade). A justiça se manifesta especialmente em dar a cada homem o que lhe é devido, em tratá-lo de acordo com os seus merecimentos.
    As distinções aplicadas à Justiça de Deus são: 1º) justiça rectoral, é a retidão que Deus manifesta como o Governador que exerce domínio tanto sobre o bem como sobre o mal. Por ela, Deus instituiu um governo moral no mundo, e impôs ao homem uma lei justa, como promessas de recompensas ao obediente e ameaças de punição ao transgressor.
   No AT. Deus sobressai proeminentemente como o Legislador de Israel, Is 33.11 e do povo em geral, Tg 4.12, e suas Leis são justas, Dt 4.8. Sendo uma justiça distributiva=retidão de Deus na execução da lei e se relaciona com a distribuição de recompensas e punições (1º. Justiça remunerativa), e 2º. Justiça retributiva, que se relaciona com a imposição de castigos. É uma expressão da ira de Divina. (Teologia Sistemática de Louis Berkhof)



Um estudo na concordância mostrará que há mais referências nas Escrituras à indignação, à cólera e à ira de Deus, do que ao Seu amor e ternura. Porque Deus é santo, Ele odeia todo pecado; e porque Ele odeia todo pecado, a Sua ira inflama-se contra o pecador Salmo 7:11.
Pois bem, a ira de Deus é uma perfeição divina tanto como a Sua fidelidade, o Seu poder ou a Sua misericórdia. Só pode ser assim, pois não há mácula alguma, nem o mais ligeiro defeito no caráter de Deus, porém, haveria, se nEle não houvesse "ira"! A indiferença para com o pecado é uma nódoa moral, e aquele que não o odeia é um leproso moral. Como poderia Aquele que é a soma de todas as excelências olhar com igual satisfação para a virtude e o vício, para a sabedoria e a estultícia? Como poderia Aquele que é infinitamente santo ficar indiferente ao pecado e negar-Se a manifestar a Sua "severidade" (Romanos 11:22) para com ele? Como poderia Aquele que só tem prazer no que é puro e nobre, deixar de detestar e de odiar o que é impuro e vil? A própria natureza de Deus faz do inferno uma necessidade tão real, um requisito tão imperativo e eterno como o céu o é. Não somente não há imperfeição nenhuma em Deus, mas também não há nEle perfeição que seja menos perfeita do que outra.
Uma palavra aos pregadores. Irmãos, em nosso ministério temos pregado sobre este solene assunto tanto como devíamos? Os profetas do Velho Testamento muitas vezes diziam aos seus ouvintes que as suas vidas ímpias provocavam o Santo de Israel, e que estavam entesourando para si mesmos irá para o dia da ira. E as condições do mundo hoje não são melhores do que eram então! Nada se presta mais para despertar os indiferentes e fa­zer com que os crentes carnais sondem os seus corações, do que alongar-nos sobre o fato de que Deus "...se ira todos os dias" com os ímpios (Salmo 7:11). O precursor de Cristo exortava os seus ouvintes a fugirem "...da ira futura" (Mateus 3:7). O Sal­vador ordenava a quantos O ouviam: "Temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno, sim, vos digo, a esse temei" (Lucas 12:5). O apóstolo Paulo dizia: "... sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens..." (2 Coríntios 5: li). A fidelidade exige que falemos tão claramente do inferno como do céu. (W. A. Pink – Os Atributos de Deus)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Recomendação De Leitura




Louis Berkhof
(1873-1957)


Recomendamos a “Teologia Sistemática” de Louis Berkhof. Após tantas edições seguidas, a Teologia Sistemática de Louis Berkhof continua a servir aos sérios estudantes de Teologia, numa declaração eloqüente a respeito do seu extraordinário valor. Na verdade, outras publicações têm surgido na mesma área, mas nenhuma mostrou as qualidades que fizeram desta a Teologia Sistemática mais usada em nosso país. É por isso com grande satisfação que a indicamos aos leitores do Blog “Teologiacia” e pesquisadores, com a certeza de que novas gerações de estudiosos das Escrituras serão formados sob sua benéfica influência. Ela é Indispensável. No entanto, indicamos este livro somente para os que já possui um conhecimento “avançado” de Teologia.
Acrescento aqui algumas de suas outras propriedades: fidelidade doutrinal, abrangência de temas relevantes, teologia histórica, didática e polêmica bem elaboradas. Uma verdadeira biblioteca de teologia reformada calvinista. Num curso de graduação em Dogmática é, certamente, a obra mais importante depois da Bíblia Sagrada.


Fonte: Blog pena afiada

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ESTUDO DE TEOLOGIA BÍBLICA NO APOCALIPSE

ESTUDO DO "FIO DOURADO" (Mitte)  EM APOCALIPSE
Introdução
O livro do Apocalipse objetiva ser uma revelação dos eventos que ocorrerão no fim do século e do estabelecimento do reino de Deus. A teologia básica, do livro, portanto, é sua escatologia. Ele declara ser uma profecia das coisas que brevemente têm de acontecer (Ap 1.2,3), cujo evento central é a segunda vinda de Jesus Cristo (Ap 1.7).
A interpretação do Apocalipse tem sido a mais difícil e confusa de todos os demais livros do Novo Testamento. Muitas são as abordagens ao longo da história da interpretação. A mais fácil é seguir sua própria tradição particular, como opinião verdadeira, e ignorar as outras; mas o intérprete inteligente tem que se familiarizar com os vários métodos de interpretação, para que possa criticar e purificar sua própria opinião.[1]
Autoria e Data
O autor se identifica como João (1.1,4,9; 22.8). era bem conhecido entre as igrejas da Ásia Menor (1.9). Já no século II d.C., Justino Mártir, Irineu e outros identificaram o autor como sendo o apóstolo João.
Apocalipse foi escrito durante uma época de perseguição, provavelmente perto do final do reino do imperador Nero (54-68 d.C.) ou durante o reino de Domiciano (81-96 d.C.). Esta data mais recente era sustentada por antigos escritores cristãos como Irineu (c. 130-200 d.C.). Hendriksen diz que “O Apocalipse foi escrito próximo ao reinado de Domiciano, pelo apóstolo João, mas o verdadeiro autor não é João, mas o próprio Todo-Poderoso, Deus” (Ap 1.1). O que Hendriksen quer dizer é que o conteúdo desse livro não é produto de gênio humano, tendente ao erro, mas revelação da mente e do propósito de Deus com respeito à história da Igreja.[2]
Dificuldades de interpretação
Os interpretes discordam com relação ao próprio tempo e à maneira em que as visões de 6.1 – 18.24 são cumpridas. Os “preteristas” pensam que o cumprimento ocorreu na queda de Jerusalém (isto se Apocalipse foi escrito em 67 – 68 d.C.), na queda do Império Romano, ou em ambos. Os “futuristas” acham que o cumprimento ocorrerá num período de crise final, pouco antes da segunda vinda. Os “historistas” pensam que o trecho de 6.1 – 18.24 oferece um esboço cronológico básico do curso da história eclesiástica do século I (6.1) até a segunda vinda (18.11). Os “Simbólicos” ou “Idealistas” acham que as cenas do Apocalipse não descrevem eventos específicos, mas princípios de guerras espirituais. Estes princípios estão em operação no transcurso da era eclesiástica e podem ser alvo de repetições análogas. A verdadeira interpretação se encontra, provavelmente, em uma combinação destes pontos de vista.
Outra discussão calorosa, que não discutiremos, tem se dado sobre o milênio, ou período de mil anos do reinado de Cristo descrito em 20.1-10, e que é entendido de várias maneiras pelos intérpretes. São três correntes nesse campo interpretativo: os “pré-milenistas”, os “amilenistas” e os “pós-milenistas”.[3]
Quando se fala no “Livro do Apocalipse” a primeira impressão que vem a nossa mente é que estamos falando de um Livro de mistérios. Gordon D. Free diz:
“Sentimos que estamos entrando num país estrangeiro”...chegamos a um Livro cheio de anjos, trombetas, terremotos, bestas, dragões, e abismos sem fundo... há um simbolismo rico e diverso, parte do qual pode ser absorvido (o julgamento na forma de um terremoto; 6.12-17), ao passo que parte é obscura (as duas testemunhas; 11.1-10). A maioria dos problemas tem sua origem nos símbolos, além do fato de que o Livro trata dos eventos futuros, mas ao mesmo tempo o contexto é reconhecidamente do século I... parece necessário dizer, logo de inicio, que ninguém deve abordar o Apocalipse sem um grau de humildade. [4]
Free também diz que enfrentamos um tipo diferente de problema sobre o tipo literário, porque o Apocalipse é uma combinação sem igual, finamente harmonizada, de três tipos literários distintos: O apocalíptico, a profecia, e a carta. Além disto, o tipo básico, o Apocalipse, é uma forma literária que não existe em nossos dias (p. 218).
Divisão do Livro
A divisão do Apocalipse em sete seções é preferida por muitos autores, embora não haja unanimidades exatos em cada seção.[5] É mais natural e promovida pelo próprio Livro. Hendriksen segue a divisão seguinte:
1. Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1 – 3).
2. O livro com os sete selos (4 – 7).
3. As sete trombetas do juízo (8 – 11).
4. A mulher e o filho perseguidos pelo dragão e seus auxiliares (a besta prostituta) (12 – 14).
5. As sete taças de ira (15 – 16).
6. A queda da grande prostituta e das bestas (17 – 19).
7. O julgamento do dragão (Satanás) seguido pelo novo céu e nova terra, a Jerusalém (20–22).
Para muitos comentaristas, essas sete seções se encaixam em dois grupos. No primeiro (1 – 11) vemos a luta entre os homens, isto é, entre crentes e incrédulos. O mundo ataca a Igreja, mas a Igreja é vingada, protegida e vitoriosa. No segundo grupo (12 – 22) é-nos mostrado que essa luta na terra tem um pano de fundo mais denso. É a manifestação visível do ataque do diabo ao filho nascido. O dragão ataca o Cristo.
Observa-se que a primeira divisão contém três seções> 1 – 3; 4 – 7; e 8 – 11. A segunda contém quatro: 12 – 14; 15 – 16; 17 – 19; e 20 – 22. Na primeira vemos a igreja perseguida pelo mundo e na segunda vemos o conflito subjacente entre Cristo e o dragão (Satanás). O livro do Apocalipse, portanto, revela um progresso em profundidade do conflito espiritual.[6]
Conteúdo do Apocalipse
LADD diz: “visto que o livro tem que ser interpretado como um todo, temos que ter um esboço de seu conteúdo em mente. Ele sugere um esquema que baseia-se na estrutura literária do Livro, que é indicada pela expressão “em espírito” (1.10; 4.2; 17.3; 21.10). O esboço é o seguinte:
Primeira visão (1.9-3.22) – O Cristo Exaltado e suas sete Igrejas. Cristo é visto em pé, em meio a sete candeeiros (1.12 e s.), simbolizando sua superintendência na vida das suas igrejas na terra. As cartas às sete Igrejas (2-3) são sete cartas reais na Ásia Menor. Nestas cartas, está a mensagem de Cristo para sua Igreja em todos os tempos.
A segunda visão (4.1-16-21) retrata o trono celestial com um livro selado com sete selos na mão de Deus. Este só pode só ser aberto pelo Leão da tribo de Judá, que é o Cordeiro de Deus sacrificado (4.1-11). Segue uma série de tripla de sete: a abertura dos sete selos (5.1-8.1), o toque das sete trombetas (8.2-9.21) e o esvaziamento das sete taças (15.1-16.21). Segue uma representação simbólica dos acontecimentos na terra.
A terceira visão (17.1-21.8) é a grande prostituta, Babilônia (17.1-5), a grande cidade, que tem domínio sobre todos os reis da terra (17.18). O julgamento e a destruição da Babilônia são anunciados e retratados (18.1-24), seguido por um hino de louvor, por sua destruição (19.1-5). O restante da visão retrata a vitória final de Deus sobre todos os poderes do mal.
Uma visão final retrata a Jerusalém celestial, que é a noiva, esposa do Cordeiro (21.9-22.5). O livro termina com um epílogo (22.6-21), convidando os homens a receberem a dádiva da vida por parte de Deus (22.17).[7]
Teologicamente, há muito que comentar sobre o Livro do Apocalipse, porém resumiremos no “cordão dourado” que, segundo Van Groningen, consiste em três fios unificados e integrantes que são: o reino (que inclui o rei, o trono, o reinado e o domínio), a Aliança em sua totalidade criacional/redentora/restauradora e o agente Mediador da aliança.[8]
Na visão de abertura, Cristo aparece como o Rei e Juiz majestoso do universo e o Soberano das igrejas, (1.12-20). Do capítulo 4.1 ao 5.14, Deus aparece numa bela cena de adoração como o Rei do Céu e da terra. Está rodeado de seres angelicais (5.1 com 1Rs 22.19).
O seu Governo (Reino) foi estabelecido na criação (4.11), é exercido na história (6.1 – 22.5), é conduzido à plenitude através do Cordeiro (cap. 5; 22.1). Os santos participam do governo de Deus e no futuro reinarão com Ele (1.6; 2.26-27; 3.21; 5.10; 20.4,6)[9]. O livro nos revela os princípios de governo moral divino, sempre operantes em qualquer época que vivamos, podemos ver a mão de Deus na História, e seu braço poderoso protegendo-nos e dando-nos a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. O livro é uma revelação do plano de Deus para a História do mundo, especialmente da Igreja. O termo “trono” ocorre dezessete vezes nos capítulos 4-5. Esse trono não está na terra, mas no céu onde se encontra o Santo dos santos do templo celestial tal como estava na arca da aliança (Ex 25.22).
O Mediador entronizado em glória, recebeu de Deus o plano para a história. Vemos isso no capítulo 5.1-7, quando João ver o “Filho do Homem glorificado”,cai aos seus pés como que morto (1.17), e ouve a voz suave do Salvador dizendo: não temas... Eu sou contigo. No meio da provação e da tribulação, podemos por os nossos olhos fixos naquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. A descrição do capítulo 5 é que “ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele. E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos”. (5.4-5). O trono agora é de Deus e do Cordeiro (22.1). Deus governa o cosmo por meio do Cordeiro. Canta-se o hino da redenção por esse governo: “Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra”.
A Aliança - João não vê o próprio céu, mas uma figura simbólica (...a arca da sua aliança foi vista no seu templo [11.19]). Nessa figura, o santuário de Deus no céu está, agora, totalmente aberto. A arca da aliança, por tanto tempo longe dos olhos, é agora vista. Essa arca da aliança é o símbolo da comunhão superlativamente real, íntima e perita entre Deus e seu povo – uma comunhão baseada na expiação. Quando essa arca é vista (plenamente revelada), o pacto da graça (Gn 17.7) é cumprido na totalidade da sua doçura no coração e na vida dos filhos de Deus. [10]
O apóstolo ouve um som vindo do céu: E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Cada um dos remidos canta esse cântico diante do trono sobre o qual se assentam Deus e o Cordeiro.
E, depois destas coisas ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor nosso Deus; Porque verdadeiros e justos são os seus juízos... Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. (19.1, 2, 7).
“E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra assaram, e o mar já não existe” (21.1). Aqui está à completude criacional de Deus. O Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, estará reinando eternamente e com ele, o vencedor, herdará todas as coisas; e Deus será o seu Deus, e ele será seu filho. Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas... e reinarão para todo o sempre.

Resumo do Mitte
O Reino é visto claramente em textos como descrito no capítulo 4.2,10; 5.10-13.
O Mediador é visto em textos como Ap. 5.1-9; 19.15,16. O Rei Regerá com cetro de Ferro.
A visão das bênçãos do novo Mundo (Ap 21.1-22.5). Tudo que era promessa da Aliança, agora se torna realidade. (ver 7.4-9)
Obs.: Este estudo foi apresentado pelo aluno de teologia, zé Francisco, para obtenção de nota na disciplina de Teologia Bíblica do STNe, ministrada pelo Rev. Leonardo Melo.


[1] Teologia do Novo Testamento de George Eldon Ladd – Hagnos. Reimpressão; 2002. p. 573
[2] Mais Que Vencedores de Willian Hendriksen. Cultura Cristã. p. 25.
[3] Bíblia de Estudo de Genebra – SBB e Cultura Cristã. 2007. p. 1524
[4] Entendes o que Lês? Gordon D. Free & Douglas Stuart – Vida Nova. 2008. p. 217.
[5] Os diversos sistemas de divisão nessas sete seções serão encontradas em L. Berkhof, op. cit., p. 339.
[6] Mais Que Vencedores de Willian Hendriksen. Cultura Cristã. pp. 34-36.
[7] Ibidem I
[8] Criação e Consumação II. G. Van Groningen. Cultura Cristã. 2006. p. 38.
[9] Notas da Bíblia de estudo de Genebra.
[10] Ibidem I


A Doutrina do SER de DEUS

O Ser de Deus

É evidente que o Ser de Deus não admite nenhuma definição científica. Para dar uma  definição lógica de Deus teríamos que começar fazendo pesquisa de algum conceito superior, debaixo do qual Deus pudesse ser coordenado com outros conceitos; e depois teríamos que expor as características aplicáveis exclusivamente a Deus. Uma definição genético-sintética assim, não se pode dar de Deus, visto que Deus não é um dentre várias espécies de deuses, que
pudesse ser classificado sob um gênero único. No máximo, só é possível uma definição analíticodescritiva. Esta simplesmente menciona as características de uma pessoa ou coisa, mas deixa sem explicação o ser essencial. E mesmo uma definição dessas não pode ser completa, mas apenas parcial, porque é impossível dar uma descrição de Deus positiva exaustiva (como oposta a uma negativa). Constituiria numa enumeração de todos os Atributos de Deus conhecidos, e estes são, em grande medida, de teor negativo.

A Bíblia nunca opera com um conceito abstrato de Deus, mas sempre O descreve como o Deus Vivente, que entra em várias relações com as Suas criaturas, relações que indicam vários atributos diferentes. Tem-se assinalado que a Bíblia fala da natureza de Deus em 2 Pe 1.4, mas dificilmente isto pode referir se ao essencial de Deus, pois nós não somos feitos participantes da essência divina. Tem-se visto uma indicação da essência de Deus propriamente dita no nome de Jeová, como interpretado por Deus mesmo nesta expressão, “Eu Sou o que Sou”. Com base nesta passagem, a essência de Deus acha-se em ela ser, abstratamente. E isto tem sido interpretado no sentido de autoexistência ou permanência auto-abrangente ou independência absoluta. Outra passagem repetidamente citada como contendo uma indicação da essência de Deus, e como a que mais se aproxima de uma definição na Bíblia, é João 4.24. “Deus é espírito; e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Esta afirmação de Cristo é claramente indicativa da espiritualidade de Deus. As duas idéias derivadas destas passagens ocorrem repetidamente na teologia como designativos do Ser de Deus propriamente dito. Em geral, pode-se dizer que Escritura não exalta um atributo de Deus em detrimento dos demais, mas os apresenta como existentes em perfeita harmonia no Ser Divino. Pode ser verdade que ora um, ora outro atributo receba ênfase, mas a Escritura evidentemente tenciona dar devida ênfase a cada um deles. O ser de Deus é caracterizado por profundidade, plenitude, variedade, e uma glória que excede nossa compreensão, e a Bíblia apresenta isto como um todo glorioso e harmonioso, sem nenhuma contradição inerente. E esta plenitude de Deus acha expressão nas perfeições de Deus, e não doutra maneira.

Prova Bíblica da Existência de Deus.
Para nós a existência de Deus é a grande pressuposição da teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que Deus existe. A pressuposição da teologia cristã é um tipo muito definido. A suposição não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que há um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da
criação. Pode-se levantar a questão se esta suposição é razoável, questão que pode ser respondida na afirmativa. Não significa, contudo, que a existência de Deus é passível de uma demonstração lógica que não deixa lugar nenhum para dúvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé, se baseia numa informação confiável. Embora a teologia reformada considere a existência de Deus como pressuposição inteiramente razoável, não se arroga a capacidade de demonstrar isto por meio de uma argumentação racional. Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de fazê-lo: “A tentativa de provar a existência de Deus ou é inútil ou é um fracasso. É inútil se o pesquisador acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. É um fracasso se se trata de uma tentativa de forçar, mediante argumentação, ao reconhecimento, num sentido lógico, uma pessoa que não tem esta pistis .

O Cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 “... é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam”. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “No principio criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas também como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivíduos e nações.

Fonte: Teologia Sistemática de Louis Berkhof