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quinta-feira, 31 de março de 2011

Monografia - A Doutrina da santificação...

Resolvi publicar este projeto simples de monografia com fim de auxiliar aqueles que, como eu, tiver dificuldade de organizar o primeiro projeto. Acredito que existam outros bem melhores; mais bem elaborado, enfim, eis ai a disposição dos nossos leitores e alunos de teologia.
Obs.: O nosso orientador é o Rev. Moisés Bezerril, que é professor de Teologia sistemática no Seminário Teológico do Nordeste.

PROJETO DE MONOGRAFIA

ALUNO: JOSÉ FRANCISCO DO NASCIMENTO


TÍTULO

ESTA PESQUISA TERÁ COMO TÍTULO: A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO NUMA PERSPECTIVA BIBLICO-REFORMADA
DELIMITAÇÃO DO TEMA:
A pesquisa consiste em três partes mais introdução e conclusão a primeira parte consistirá em seu desenvolvimento histórico, a segunda parte será em uma análise bíblica-teológica, e a terceira parte será na sistematização do assunto proposto.
OBJETIVO
Apresentar a importância da doutrina da santificação numa perspectiva Bíblico-Reformada como necessária na vida da Igreja de forma a qualificá-la para um relacionamento harmonioso com o Deus criador e santificador.
PROBLEMA
Qual a importância desta Doutrina para o povo de Deus nos dias atuais?
A TESE
Defender a Santificação como uma doutrina essencial e necessária por ser uma obra moral ou recriadora de Deus que muda a natureza interior do homem pecador para que ele possa se relacionar com o Deus santo.
A tese central está em conferir a idéia de que Deus não se relaciona com os pecadores sem que antes os santifique colocando dentro deles o seu Espírito Santo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O tema em que vamos trabalhar é constituído de um assunto que está cercado de misticismo, pois em nossos dias principalmente, há uma normatização mesmo que muito subjetiva de que o centro de todas as coisas está nos esforços do homem para se relacionar com Deus. Portanto, diante dessa conceituação de santidade a igreja deve ser alertada de que a santificação deve ter lugar central a partir de um agir do Espírito Santo, e que tanto a teologia romana quanto a teologia pentecostal e/ou harminiana estão fora do padrão bíblico e histórico por ensinar que ela é adquirida por esforço do homem sem dá o devido lugar a Deus.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
RESUMO
TEMA: A DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO NUMA PERSPECTIVA BÍBLICO-REFORMADA
1          CAPÍTULO 1:
1.1         NA IGREJA ANTIGA
1.2         NA IGREJA MEDIEVAL
1.3         NA IGREJA MODERNA
1.3.1   EM LUTERO
1.3.2   EM CALVINO
1.3.3   NOS SÍMBOLOS DE FÉ REFORMADA
1.3.3.1      NA CONFISSÃO BELGA
1.3.3.2      NO CATECISMO DE HEIDELBERG
1.3.3.3      NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
1.3.3.4      NOS CATECISMOS MAIOR E BREVE DE WESTMINSTER
1.4         NA IGREJA CONTEMPORÂNEA
1.4.1  TEÓLOGOS DO SÉC. XIX
CAPÍTULO 2:
FUNDAMENTO BÍBLICO DA DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO
2.1 NO ANTIGO TESTAMENTO
2.1.1 NO PENTATEUCO
2.1.2 NOS PROFETAS
2.2 NO NOVO TESTAMENTO
2.2.1 NO EVANGELHO DE MATEUS
2.2.2 NO EVANGELHO DE JOÃO
2.2.3 NAS EPÍSTOLAS PAULINAS
2.2.4 NAS CARTAS GERAIS
CAPÍTULO 3:
FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS DA DOUTRINA DA SANTIFICAÇÃO
3.1 NATUREZA DA SANTIFICAÇÃO NAS ESCRITURAS
3.1.1 AUTORIA DIVINA NA SANTIFICAÇÃO
3.1.2 ASPECTOS NEGATIVOS E POSITIVOS DA SANTIFICAÇÃO
3.1.3 PARTICIPAÇÃO HUMANA NA SANTIFICAÇÃO
3.2. CARACTERISTICAS DA SANTIFICACÃO
3.2.1 SANTIFICAÇÃO DEFINITIVA
3.2.1 SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA
3.2.1 SANTIFICAÇÃO FINAL
3.3 OS MEIOS DA SANTIFICAÇÃO
3.3.1 AS ESCRITURAS SAGRADAS
3.3.2 OS SACRAMENTOS
3.3.3 A FÉ
3.4. A RELAÇÃO DA SANTIFICAÇÃO COM OUTROS ESTÁGIOS DA ORDO SALUTIS
3.4.1 COM A REGENERAÇÃO
3.4.2 COM A JUSTIFICAÇÃO
3.4.3 COM A FÉ
3.5 PROPÓSITO E ALVO FINAL DE DEUS NA SANTIFICAÇÃO
3.5.1 O PROPÓSITO DE DEUS NA SANTIFICAÇÃO
3.5.2 O ALVO FINAL DE DEUS NA SANTIFICAÇÃO
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA

Zé Francisco, aluno do 4º ano de teologia no STNe em Teresina, Piauí.

quarta-feira, 16 de março de 2011

TEOLOGIA SISTEMÁTICA - ORDO SALUTIS

A Seguir você terá um resumo/anotacões de aulas de Teologia Sistemática no Seminário Teológico do Nordeste - Teresina, Pi.

(1) PACTO DAS OBRAS = O primeiro Adão
Obediência Ativa
Vida Eterna
Antes do Pacto
Na Base da Impecabilidade
Depende de um Mérito

(2) PACTO DA REDENÇÃO = O segundo Adão
Obediência Ativa e Passiva
Salvação e Vida Eterna dos Eleitos
Depois do Pacto
Na Base da Impecabilidade
Depende de um Mérito e Quitar um Débito

(3) PACTO DA GRAÇA = O Homem (substituído)
Arrependimento e Fé
Salvação e Vida Eterna
Depois do Pacto
Feito com Pecadores
Feito em Base Vicária Substitutiva (Rm 4)

O pacto das Obras é baseado na obediência (Aminianismo).
Deus cria o homem e faz um pacto para livrá-lo do estado de queda. Ai ele elaborou o pacto da obediência (pacto das obras) Ativa, ou seja, perfeita que significa “não pecar”, cumprir tudo que Deus quer, ser como Deus em pensamento e ação.
Porém, a verdade é que Deus não se relaciona com pecador, por isso o pacto é feito com individuo que não tem pecado (Cristo).
O pacto da Redenção é muito mais exigente do que o das obras. Tem que ter obediência “ativa e passiva” que é o sofrimento de Cristo.
Salvação para quem tem pecado - Cristo se fez pecador
Vida eterna para quem tem pecado - Cristo é perfeito Deus
Tudo que adão não fez, Cristo fez por ele – Ativo e Passivo.
Obediência Ativa = vida eterna
Obediência passiva = a salvação.
O papel principal do Espírito Santo no processo de nossa salvação é fazer-nos um em Cristo. O Espírito é quem aplica a redenção aos nossos corações e vidas, o Espírito vive ou habita em nós.

SOTERIOLOGIA
A ordo salutis (ordem da salvação)
A ordo salutis descreve o processo pelo qual a obra as salvação, realizada em Cristo, é concretizada subjetivamente nos corações e vidas dos pecadores.
Ordem definida: embora a Bíblia não nos dê explicitamente uma ordem da salvação completa, oferece-nos base suficiente para a referida ordem.
São os vários atos definidos (judiciais/recriados)

A ORDO SALUTIS* 
01 – Graça Comum
02 – Vocação Externa
03 – Regeneração 
04 – Vocação Eficaz
05 – Conversão Ativa
06 – Conversão Passiva
07 – Arrependimento
08 – Fé
09 – União Mística
10 – Justificação 
11 – Justificação Ativa/objetiva
12 – Justificação Passiva/subjetiva
13 – Santificação
14 – Perseverança

A Ordo Salutis, segundo Louis Berkhoff: (Salvos pela Graça de Hoekema)
1. Vocação
2. Regeneração
3. Conversão (incluindo Arrependimento e Fé)
4. Justificação
5. Santificação
6. Perseverança
7. Glorificação

A Ordo Salutis, segundo Murray: (Salvos pela Graça de Hoekema)
1. Vocação
2. Regeneração
3. Arrependimento e Fé
4. Justificação
5. Adoção
6. Santificação
7. Perseverança
8. Glorificação

I - Primeiro vem os atos judiciais e depois os atos criadores.
Ordem razoável: não há ordem cronológica, e sim lógica.
- Distinção entre os atos judiciais e os atos recriadores de Deus: como (justificação) alterando o estado ou posição, e estes (como a regeneração e a conversão), alterando a condição de pecador – entre a obra realizada pelo Espírito Santo no subconsciente (regeneração), e a obra realizada na vida consciente (conversão; entre aquilo que se refere ao despojamento do homem velho [arrependimento, crucificação do homem velho]), e aquilo que constitui o revestimento do homem novo (regeneração e, em parte, santificação); e entre o princípio da aplicação da obra de redenção (na regeneração e na conversão propriamente dita), e a continuação dessa aplicação (na conversão diária e na santificação).
- Deus não se relaciona com pecador a não ser por atos judiciais- somente em Cristo, pelo seu ato justo.
- Não pode haver novo pacto de obra com o pecador.
Com o pecado temos conseqüências judiciais e conseqüências naturais.
*Medida com relação à lei = Atos judiciais = altera o estado do homem.
*Medida com relação à natureza humana = Atos recriadores = altera a condição.

O Estado é o ato judicial do pecador.
A condição é aquilo que o pecado alterou no homem.
- Consciente: conversão, justificação (subjetiva).
- Subconsciente: regeneração, justificação (objetiva).
Santificação
Conversão
Regeneração
Justificação = Base
2. O conceito Luterano
A ênfase está no que o homem faz antes daquilo que Deus faz.
3. Conceito Católico Romano
A doutrina da Igreja precede à discussão da ordo salutis. O conceito de igreja visível.
O batismo regenera criança, graça suficiente para adulto, que ilumina a mente fortalecendo a vontade. Também transforma numa graça cooperante.
4. Conceito Arminiano
Crê que o pecado de Adão é limitado, para eles o homem nasce bom. O homem resolve o seu problema do pecado original.
Texto contra os arminianos: Rm. 4: 4-5 e Gl. 5:4
A oferta do evangelho vem a todos os homens, indiscriminadamente, e exerce apenas uma influência moral sobre eles, enquanto eles detêm o poder de resistir-lhe ou de render-se a ele.
- É influência moral porque se não eles irão cair em graça inresistível.

II- Operações do Espírito Santo em geral
Operação geral é na criação e manutenção
Operação especial é soteriologia.
Na criação: operações gerais.
Na recriação: operações especiais- soteriologia.
Nas operações gerais: origina, mantém, desenvolve e guia a vida da criação natural, restringe a determinação e devastação causados pelo pecado; faz os homens manterem certa ordem e decoro; estimula os homens a fazerem o bem; dá talentos e dom da criação ao homem.
Nas operações especiais: origina, mantém, desenvolve e guia a nova vida que nasce do alto, capacita a obediência: Sal e Luz.
Graça e Conceitos- Comum e Especial
A graça comum promove ordem e ações sociais.
A graça comum:
1. Restrição do pecado.
2. Adiamento do julgamento (chuva, vida, comida, saúde, prosperidade etc).
Deus dá a todos os homens
A.) A extensão da graça especial é determinada pelo decreto da eleição. Limita-se aos eleitos.
- A graça comum não sofre esta limitação, mas outorga indiscriminadamente a todos os homens.
Decreto da eleição e da reprovação não tem influência determinante sobre ela. Nem seque ser pode dizer que os eleitos recebessem maior proporção da graça comum que os não eleitos. É matéria de conhecimento geral, os ímpios possuem maior medida da graça comum e tem maior participação nas bênçãos que os justos.
B). A graça especial remove a culpa e a penalidade do pecado, muda a vida interior do homem, e gradativamente o purifica da corrupção do pecado pela operação natural do Espírito Santo. Sua atividade invariavelmente redonda na salvação do pecador. Por outro lado, a graça comum jamais remove a culpa do pecado, não renova a natureza humana, mas apenas tem um efeito restringente sobre a influência corruptora do pecado e, em certa medida, suaviza os seus resultados.
Não efetua a salvação do pecador, embora nalguma das suas formas aparentes (vocação externa e iluminação moral), esteja estreitamente relacionada com a economia da redenção e tenha uma aparência soteriológica.
O processo da salvação não deve ser entendido como uma série de experiências sucessivas, como se segue:
Regeneração- conversão- justificação- santificação- perseverança.
Em vez disso, o processo de salvação deve ser visto como uma experiência unitária que envolve diversos aspectos que começam e continuam simultaneamente.

UNIÃO MÍSTICA
Teologicamente trata da união do crente com Cristo.
Definição: a união íntima, vital e espiritual entre Cristo e o seu povo, em virtude da qual ele é a fonte da sua vida e poder, da sua bendita ventura e salvação.
É uma operação especial efetuada pelo Espírito Santo de maneira misteriosa e sobrenatural. A união mística é o estar em Cristo- justificados mediante a fé salvadora, em santificação.
A união mística com Cristo tem suas raízes na eleição divina (Ef. 1: 3-4)
A base da união com Cristo: a união com Cristo tem sua base na obra redentora de Cristo. Deus Pai apresentou ao Filho um povo a redimido do pecado, e o Filho veio à terra para levar a termo a obra redentora em favor do seu povo. Não podemos pensar na obra redentora de Cristo à parte da união entre Cristo e seu povo, que foi planejada e decretada desde a eternidade.
Real união com Cristo: essa união marca e faz possível o inteiro processo da salvação. Do começo ao fim, somos salvos unicamente em Cristo.
1. Inicialmente somos unidos com Cristo na regeneração ( novo nascimento). A regeneração ocorre no momento em que somos salvos, unidos com Cristo. Essa união não é apenas o inicio da nossa salvação; ela sustém, enche e aperfeiçoa todo o processo de salvação.
2. Apropriamo-nos e continuamos a vivenciar essa união com Cristo pela fé. Pela fé nós realizamos e experimentamos o fato de que fomos feitos novas criaturas em Cristo Jesus.
3. Somos justificados na união com Cristo. Justificação é o ato de Deus pelo qual ele imputa (ou atribui o crédito) aos crentes a perfeita satisfação e justiça de Cristo de tal forma que todos os seus pecados são perdoados e vistos eles são considerados perfeitamente justos aos olhos de Deus.
4. Somos santificados através da nossa união com Cristo. Santificação num censo progressivo pode ser definida como a obra de Deus pela qual o Espírito Santo progressivamente a vida do crente, e o habilita a viver para o louvor de Deus. Esse aspecto da nossa salvação, também só pode ser experimentada em união com Cristo.

VOCAÇÃO EXTERNA
1. O autor da nossa vocação é a obra de Deus trino.
2. Vocatio realis e verbalis.
Vocatio realis (‘res’ coisas); vocação pela revelação geral (a natureza, historia, experiência da vida, ambiente da vida, vicissitude da vida) não leva a salvação- ensina “a lei” (a lei pede) e na odo evangelho.
Vocatio verbalis- (verbum ‘palavras’); o ato gracioso de Deus pelo qual ele convida os pecadores a aceitarem a salvação oferecida em Cristo Jesus. Pela revelação especial (o evangelho dar) pela palavra de Deus, leva a salvação.
O meio da graça “vocatio verbalis” o chamamento divino que chega ao homem por intermédio da pregação da palavra de Deus.
Conceito de Vocação externa: consiste na apresentação e oferta da salvação em Cristo aos pecadores, juntamente com uma calorosa exortação a aceitarem a Cristo pela fé, para obterem o perdão dos pecados e a vida eterna.
a). Elementos contidos na vocação externa
1. Uma apresentação dos fatos e da doutrina da redenção de Adão à Cristo- teologia dos pactos.
2. Um convite ao pecador para aceitar a Cristo com arrependimento e fé. Convite com uma exortação ao arrependimento para crer, aceitar a Cristo pela fé, mas Deus é quem efetua nele tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fp. 2;13.

Esta ordos salutis é do Professor de teologia sistemática Rev. Moisés Bezerril no STNe.
Zé Francisco é estudante do 4º ano de Teologia no STNe, Tesrena, Pi.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A Homilética Material

No primeiro capítulo (do Livro "Pregação ao alcance de todos), ocupamo-nos com a homilética fundamental, isto é, com a natureza da prédica evangélica. Neste segundo capítulo, nossa atenção estará voltada para o texto bíblico em si e para o material básico necessário à homilética. Na homilética material, o aluno irá familiarizar-se com as diversas versões da Bíblia em português, aprenderá a usar os tópicos e rodapés da Bíblia Vida Nova, desenvolverá técnicas para a utilização da chave bíblica e da concordância, e perceberá o valor auxiliar de dicionários, léxicos, comentários, harmonias e panoramas bíblicos na preparação de uma mensagem. Exemplos práticos e exercícios ajudarão o aluno a apreender as técnicas homiléticas mais modernas, a fim de comunicar com clareza e eficiência a Palavra de Deus.

A Palavra de Deus é a fonte singular para a pregação bíblica. A prédica evangélica alimenta-se, baseia-se, origina-se, inspira-se e motiva-se na Palavra de Deus, porque ela é o grande e inexorável reservatório da verdade cristã. C. W. Koller, op. cit., p. 41. Deus fala através da Bíblia. Ela é o instrumento único e infalível pelo qual Deus revela Sua vontade: Lâmpada para os meus pés... e luz para os meus caminhos (Sl 119.105). Portanto, para o pregador do evangelho, não há nenhum motivo pelo qual deva desviar-se da Palavra de Deus. O pregador é o profeta divino que anuncia a mensagem de Deus para sua geração. Quando o povo vai à igreja, deseja ouvir a Palavra de Deus interpretada com fidelidade e relevância quanto às necessidades atuais.
A Bíblia é um livro de variedade literária singular. Nela se encontra uma verdadeira biblioteca, com 66 livros contendo leis, histórias, poesias, profecias, literatura de sabedoria, narrativas, alegorias, parábolas, textos apocalípticos, biografias, crônicas, dramas, enigmas, visões, mensagens, cânticos, conversas, cartas, ensinamentos, orações, exclamações, interrogações, disputas, discursos e até convenções.
Tudo isso oferece material suficiente para a pregação bíblica em qualquer circunstância ministerial ou eclesiástica.

A Bíblia em seu significado fundamental.
Quando baseada na revelação da Palavra de Deus, nossa pregação tem um significado salvador. A pregação é a proclamação das boas novas das Escrituras Sagradas. Como a revelação especial de Deus é a Palavra de Deus, a pregação deve originar-se, basear-se e motivar-se na Palavra de Deus.
Precisamos ser lembrados e conscientizados de que todo nosso conheci- mento da verdade encontra-se na Palavra reveladora de Deus, não em nós. O homem natural não entende nada de Deus (1 Co 2.14), mas o homem salvo leva cativos seu conhecimento, pensamento e inteligência à obediência de Cristo (2 Co 10.5). O centro da Bíblia é a revelação de Jesus Cristo. Toda revelação bíblica culmina em Jesus Cristo. Em Seu falar e agir, em Seu sofrimento e em Sua morte e ressurreição nEle foi revelada a vontade salvadora de Deus.
No fato de Deus ter revelado Sua vontade salvadora em Seu Filho, Jesus Cristo, está dado o conteúdo primordial de nossa pregação. O apóstolo Paulo descreveu este princípio homilético com as seguintes palavras: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado (1 Co 2.2). Por isso, nosso centro e alvo da pregação do evangelho é Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente (Hb 13.8; ARC).
Agora, fica evidente por que nem todas as passagens bíblicas são igualmente recomendáveis para a escolha de uma mensagem. De seu centro, do próprio Senhor Jesus Cristo, é-nos dada a prioridade dos livros bíblicos para nossa pregação. Não estamos dizendo com isso que existam partes mais ou menos importantes dentro das Escrituras Sagradas ou que algumas passagens sejam mais valiosas do que outras. Queremos apenas indicar que nem todas as passagens são adequadas para um culto evangelístico ou, por exemplo, para o Natal, a Semana da Pátria, o aniversário da igreja, um casamento ou um culto fúnebre.
A seguir, apresentamos algumas referências bíblicas. Verifique para que ocasiões seriam apropriadas: Ne 9.22-25; 2 Sm 1.19-27; Js 24.16-28, 31; At 2; Lc 2; Jó 19; Hb 1.1-3; Rm 8.39; 1 Pe 2.13-17; Tg 3.13-18; Ne 6.9; 2 Cr 6.4-10; 2 Rs 5.1-15; 1 Rs 11.1-8; Js 8.30-35; Gn 12.1-9; Jo 1.12; 2 Co 5.17-21; Sl 23; Jo 3.1-6; Jo 3.7-13; Jo 3.14-15; Jo 3.16; 17.8-16; 2 Rs 6.8-23; 14.
Nem sempre a pregação evangélica pode apresentar toda a história da salvação. Ela se fundamenta praticamente em um texto básico, i. e., numa parte pequena, em comparação com tudo o que Deus revelou no restante da Bíblia. Mas esse texto breve é estudado, interpretado e comunicado no contexto bíblico e em harmonia com a Palavra de Deus, em sua totalidade.
Assim, nossa pregação deve ser textual (i. e., fiel ao texto pelo qual optamos), escriturística (i. e., bíblica, em seu contexto doutrinário e ético), cristológica (i. e., em seu conteúdo principal) e prática (i. e., em sua aplicação às necessidades reais de nossas igrejas).

A escolha do texto do sermão.
Quando falamos do texto do sermão, referimo-nos a uma parte específica das Escrituras Sagradas, que desejamos estudar para depois expô-la a nossos ouvintes. O texto do sermão pode ser apenas uma palavra, ou então uma frase, um pensamento, um versículo, alguns versículos interligados ou consecutivos, um salmo, uma ilustração, um ou mais capítulos inteiros das Escrituras Sagradas, ou ainda um personagem.
Para um pregador iniciante, a escolha do texto do sermão pode tornar-se um verdadeiro pesadelo, algo absolutamente desnecessário. O texto é-nos dado nas Escrituras Sagradas. Como testemunhas e arautos de Cristo, fomos incumbidos de anunciar o evangelho do reino de Deus. Como ministros e embaixadores de Cristo, exortamos os ouvintes a se reconciliarem com Deus (2 Co 5.20).
Todavia, precisamos reconhecer que dependemos do Espírito Santo na escolha do texto. Não podemos selecionar a passagem sozinhos ou sem recorrer à obra do mestre. Por isso, a oração é indispensável. Se escolhêssemos sozinhos um texto bíblico, estaríamos correndo o risco de nos limitarmos a nossos assuntos ou passagens preferidas. Mas, para a escolha do texto propício, além da oração pessoal e da direção do Espírito Santo, temos o auxílio de: textos apropriados para a época eclesiástica (Advento, Natal, fim de ano, Páscoa, Ascensão, Pentecoste, aniversário da igreja, campanha evangelística, dia de missões); as senhas diárias dos irmãos morávios (Editora Sinodal); a exposição de livros inteiros da Bíblia; a meditação sobre biografias bíblicas; as mensagens acerca de temas doutrinários ou éticos da Bíblia; as devoções particulares; o serviço e o aconselhamento pastoral; uma situação crítica na igreja; algum livro teológico que estudamos; temas específicos relacionados às necessidades da igreja; e o calendário anual de pregação.
Vale a pena observar também as seguintes regras práticas na escolha de seu texto:
a) escolha-o com, pelo menos, uma semana de antecedência;
b) evite optar por textos difíceis, polêmicos ou de linguagem pomposa e extravagante;
c) não se limite apenas ao Novo Testamento, como faz a maioria dos pregadores;
d) varie os livros bíblicos, a fim de não negligenciar nenhum dos 66; e
e) uma vez escolhido o texto, não mude mais, a não ser que o Espírito Santo assim indique claramente.

A seguir, temos quatro exemplos com os quais você poderá colocar em prática algum dos auxílios e regras mencionados acima:
Caso 1: Sua igreja passa por um período de crescimento numérico notável. Muitas pessoas são recém-convertidas, mas nem todas romperam com as práticas pecaminosas da vida anterior. Quais textos seriam apropriados para melhorar a situação?
Caso 2: O Natal se aproxima e você não deseja pregar novamente sobre Lucas 2. Quais as alternativas que lhe restam para a escolha de tal mensagem?
Caso 3: Você nota um desinteresse geral em sua congregação quanto à freqüência regular nos cultos semanais de estudo bíblico. O que você pode fazer para estimular a igreja a participar do estudo bíblico?
Caso 4: Você está expondo o livro de Neemias e terminou no domingo passado o capítulo 2. Como você vai definir a extensão de seus textos para o restante dos capítulos nas próximas semanas?

quarta-feira, 9 de março de 2011

O ALVO DA HOMILÉTICA


Qual o alvo da mensagem evangélica? Podemos ficar satisfeitos com a mera preparação e apresentação da prédica? Quais os objetivos de tanto esforço na preparação, estruturação, meditação e, finalmente, pregação do sermão?

Para T. Hawkins, "o objetivo da homilética é auxiliar na elaboração de temas que apresentem em forma atraente uma mensagem da Palavra de Deus, com tal eficiência que os ouvintes compreendam o que devem fazer e sejam movidos para fazê-lo". T. Hawkins, Homilética Prática (Rio de Janeiro: JUERP, 1978), pp. 13-14.
Em geral, podemos dizer que o objetivo da mensagem evangélica é a conversão, nutrição, comunhão, motivação e santificação para a vida cristã. 
O alvo primário de toda e qualquer mensagem bíblica é a salvação de pecadores perdidos (Rm 1.16). "Em toda pregação, Deus procura primariamente, mediante Seu mensageiro, trazer o homem para a comunhão Consigo". C. W. Koller, op. cit., p. 14.
É por meio da mensagem anunciada, ouvida e crida que os homens são salvos da perdição, da escravidão do pecado e da morte (Rm 10.10,17; Jo 8.34-36). Isso vale tanto para os povos que já a ouviram e creram no evangelho quanto para os povos pagãos. O desejo de Deus é de que (todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade) (1 Tm 2.4). Toda pregação do evangelho, portan-to, deve incluir nitidamente a oferta da salvação. A prédica evangélica também não pode silenciar quanto à situação e ao destino dos perdidos (Jo 3.18, 36; Ap 22.15). Ao mesmo tempo, a pregação bíblica anuncia com convicção a necessidade de reconhecer, confessar e deixar todo e qualquer tipo de pecado e de idolatria, convertendo-se ao Deus vivo e verdadeiro (Pv 28.13; Rm 10.10; 1 Ts 1.9s.).
Concluímos, pois, que é necessário salientar: a) o testemunho da perdição eterna e depravação total do homem que vive sem Deus ou contra Deus; b) o testemunho da salvação em Cristo Jesus pela fé; c) o testemunho da importância do arrependimento e da conversão ao Deus vivo e verdadeiro; d) o testemunho da regeneração pelo poder do Espírito Santo; e) o testemunho da vida nova e transformada em Cristo; f) o testemunho do senhorio de Cristo em nossas vidas; e g) o testemunho da esperança viva nos discípulos autênticos.
A pregação do evangelho, porém, não se dá por satisfeita em apenas chamar à comunhão viva com o Senhor Jesus Cristo. Após a conversão, a ênfase deve estar sobre as coisas que acompanham a salvação (Hb 6.9). Nutrição, motivação, doutrinamento, perfeição, edificação, consolidação, consagração e santificação devem complementar a pregação evangelístico-missionária (Cl 1.28; 2.6s., Ef 3.17; 4.11ss., 1 Co 3.11). Isto deve acontecer individual e eclesiasticamente (Rm 15.2; 1 Co 14.3s.; Ef 2.21; 1 Pe 2.5s.; 1 Co 3.9). Como indivíduo, o cristão precisa ser aconselhado (At 20.20ss.; Jo 21.15-17; 2 Tm 4.2). Este processo de edificação e consolidação seria impossível sem o doutrinamento (Ef 4.14; Cl 1.11).
O terceiro alvo da pregação evangélica visa a ação diaconal de cada membro do corpo de Jesus Cristo (Ef 4.11ss.; 1 Ts 1.9; Tt 3.8). Faz parte da mensagem neo-testamentária que o cristão envolva-se no serviço de Deus (1 Co 9.13; 2 Co 5.15; Gl 2.20). A verdadeira mensagem evangélica estimula o cristão para as diversas possibilidades ministeriais, sociais e diaconais (At 20.28; 1 Pe 5.2; 4.10; Rm 12.4-8). Resumimos este parágrafo sobre o alvo da homilética com a convicção paulina de jamais deixar de anunciar "todo o desígnio de Deus" (At 20.27).

Perguntas didáticas sobre a homilética fundamental

 1. Quais são os assuntos abordados pela homilética fundamental?
2. Quando e onde surgiu o termo homilética?
3. Dê uma definição precisa de homilética.
4. Quais são as origens etimológicas do termo homilética?
5. Qual é a relação entre a homilética e a hermenêutica?
6. Em que sentido a homilética diferencia-se da exegese bíblica?
7. Como você vê a relação da homilética com a retórica, eloqüência, comunicação e estilística?
8. Qual era o conceito homilético na época dos profetas do Antigo Testamento?
9. Que tipo de homilética desenvolveu-se no período pós-exílio?
10. Quem inventou a retórica?
11. Quem aperfeiçoou a oratória?
12. Quais são as características da pregação de Jesus Cristo?
13. Como os apóstolos pregaram o evangelho?
14. Defina e caracterize a homilia cristã.
15. Quem foi o mais famoso pregador da igreja primitiva?
16. Quem escreveu a primeira homilética cristã?
17. Como Agostinho subdividiu a homilética?
18. Quais são os méritos da Idade Média quanto à homilética evangélica?
19. Como Carlos Magno destacou-se no desenvolvimento da pregação do evangelho?
20. Qual foi a novidade na homilética da Reforma Protestante?
21. Como Melanchthon notabilizou-se na história do desenvolvimento da homilética?
22. Cite oito razões pelas quais a homilética constitui um sério problema em nossos dias.
23. Quantas horas o pregador deve investir na preparação de uma mensagem?
24. Por que ouvimos tantas mensagens pobres?
25. Como entendemos a unidade corporal da prédica?
26. Como a advertência de Paulo, em 1 Coríntios 9.27, está relacionada à pregação do evangelho?
27. O que acontece quando uma mensagem não tem aplicação prática?
28. Quais são as partes das Escrituras abandonadas na pregação evangélica?
29. Como podemos valorizar as mensagens bíblicas baseadas no Antigo Testamento?
30. Qual é a parte principal de um culto evangélico?
31. Quais são os resultados negativos da falta de planejamento das mensagens?
32. Por que o secularismo e o estresse constituem um problema para o sermão evangélico?
33. Quais são as três partes integrantes de uma prédica?
34. Qual é a função do pregador no sermão?
35. Qual é a posição da comunidade na mensagem?
36. Qual é o papel de Deus no sermão?
37. Quem é o centro da mensagem evangélica?
38. Quais são as referências bíblicas que provam que o conteúdo da homilética evangélica deve ser a Palavra de Deus?
39. Ao analisarmos as mensagens de Pedro e de Paulo no livro de Atos, encontramos um testemunho de seis faces que apela para a totalidade do homem e convida-o para uma entrega total a Cristo. Explique a necessidade, o conteúdo e a importância de cada um desses testemunhos.
40. Como percebemos a importância da homilética?
41. Por que a homilética é a coroa da pregação ministerial?
42. Dê a origem e o significado do termo pregação.
43. Quais são os quatro verbos gregos (e seus significados) que o Novo Testamento emprega para exemplificar a natureza da pregação?
44. Quais são as características bíblicas de um arauto?
45. De que maneira o termo evangelizar caracteriza nossa pregação?
46. Por que a mensagem bíblica deve ser um testemunho?
47. Explique por que a prédica deve ser ensino.
48. Defina o alvo da homilética numa única frase.
49. Qual o alvo primário da mensagem evangélica?
50. Por que o pregador não deve esquecer-se dos alvos espiritual, doutrinário e diaconal na preparação e entrega de seus sermões?